Aliados de Bolsonaro atacam Hugo Motta e dificultam anistia aos golpistas do 8 de janeiro

Pressão bolsonarista gera mal-estar no Centrão e ameaça enterrar de vez o projeto no Congresso

No dia 6 de abril, durante um ato na Avenida Paulista, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro intensificaram a pressão pela aprovação da anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Mas o efeito foi o oposto do esperado: as críticas públicas ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e a tentativa de constranger parlamentares do Centrão acabaram gerando forte reação nos bastidores de Brasília.

Um dos momentos mais polêmicos do ato foi protagonizado pelo pastor Silas Malafaia, conhecido por atuar como uma espécie de porta-voz informal de Bolsonaro. Ele chamou Motta de “vergonha da Paraíba” e exigiu que a proposta de urgência da anistia fosse colocada para votação.

Contudo, a estratégia foi vista por interlocutores do Centrão como um "tiro no pé". O grupo, que já vinha demonstrando receio em abraçar uma pauta rejeitada por boa parte da população, agora dá sinais de que não pretende seguir com o projeto. Segundo fontes ligadas a Hugo Motta, a pressão bolsonarista pode ter enterrado de vez as chances da anistia avançar no Congresso.

Reação no Congresso

A crise interna ganhou força após o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), prometer divulgar os nomes dos cerca de 180 deputados que assinaram o requerimento de urgência para a proposta. A iniciativa é vista como tentativa de expor os parlamentares que não aderiram ao projeto — o que deve acirrar ainda mais os ânimos na Casa.

No entanto, a manobra também preocupa setores do Centrão que não querem ser associados à defesa de golpistas, sobretudo diante das eleições municipais e da repercussão negativa nas redes sociais.

Impacto político

O episódio reforça o isolamento político de Jair Bolsonaro e seus aliados mais fiéis, e evidencia a dificuldade em construir maioria no Congresso para pautas impopulares. Para os articuladores do Centrão, atacar líderes da própria Casa não é o caminho para a negociação política — e pode custar caro nas próximas votações.

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